segunda-feira, 16 de março de 2009

José Saramago


De que sedas se fizeram os teus dedos,
De que marfim as tuas coxas lisas,
De que alturas chegou ao teu andar
A graça da camurça com que pisas.
De que amoras maduras se espremeu
O gosto acidulado do teu seio,
De que Índias o bambu da tua cinta,
O oiro dos teus olhos, donde veio.
A que balanço de onda vais buscar
A linha serpentina dos quadris,
Onde nasce a frescura dessa fonte
Que sai da tua boca quando ris.
De que bosques marinhos se soltou
A folha de coral das tuas portas,
Que perfume te anuncia quando vens
Cercar-me de desejo a horas mortas.

José Saramago, Inventário, Poemas Possíveis.

2 comentários:

- Moisés Correia - disse...

GRANDE SARAMAGO!

Boa escolha...

Nos vastos arejados
Campos do meu ser
Corre a sombra de uma voz
Pelos prados da mente…
Entre montes de razões
E rochedos do enlouquecer
Suplica a conflituosa
Tentação inconsciente…

Grato pelo
Belo comentário
No meu blogue…
Aproveito para desejar
Uma agradável semana!

Bem-haja!

O eterno abraço…

-MANZAS-

. disse...

Que perfume te anuncia quando vens..
Perfeito..
Abraços