terça-feira, 27 de abril de 2010

Pablo Neruda


Já és minha.

Repousa com teu sonho em meu sonho.

Amor, dor, trabalho, devem dormir agora.

Gira a noite sobre suas invisíves rodas
e junto a mim és pura
como âmbar dormido...

Nenhuma mais, amor, dormirá com meus sonhos.

Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.

Nenhuma viajará pela sombra comigo, só tu.

Sempre viva. Sempre sol. Sempre lua.

Já tuas mãos abriram os punhos delicados e

deixaram cair suaves sinais sem rumo.

Teus olhos se fecharam como duas asas cinzas,

enquanto eu sigo a água que levas e me leva.

A noite, o mundo, o vento enovelam seu destino,

e já não sou sem ti senão apenas teu sonho...



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