terça-feira, 27 de abril de 2010

Pablo Neruda


"(...) Mas também queria
pedir uma coisa, Mario,
que só você pode cumprir.
Todos os meus outros amigos
ou não saberiam o que fazer
ou pensariam que sou um
velho caduco e ridículo.
Quero que você vá com
este gravador passeando
pela Isla Negra e grave todos
os sons e ruídos que vá encontrando.
Preciso desesperadamente de algo,
nem que seja o fantasma da minha casa.
A minha saúde não anda
nada bem. Sinto falta do mar.
Sinto falta do mar.
Sinto falta dos pássaros.
mande para mim os sons
da minha casa. Entre no jardim
e faça soar os sinos.
Primeiro grave esse repicar suave dos
sininhos pequenos quando o
vento bate neles, e depois puxe
o cordão do sino maior cinco, seis
vezes. Sinos, meus sinos! Não há
nada que soe tão bem como a palavra
sino se a penduramos num
campanário junto ao mar. E depois
vá até as pedras e grave a
arrebentação das ondas.
E se ouvir
gaivotas, grave.
E se ouvir
o silêncio das estrelas siderais, grave.(...)

Trecho do Poema de Pablo Neruda
do filme O Carteiro e o Poeta

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