sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Ana Cristina César
Fagulha
"Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal."
imagem:Ana Cristina César , tirada da net
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2 comentários:
Humm...intrigante!!!
Mari,
Também sou grande admirador da obra de Ana Cristina César. A propósito, você sabe de alguma página na web que contenha poemas dela. Já tive o livro "A Teus Pés", com boa parte do que ela publicou. E já tive outro, se não me engano chamado "Inéditos e Dispersos", mas não os tenho mais. Emprestei-os e, como costuma acontecer às vezes, os perdi.
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