terça-feira, 11 de novembro de 2008

Fauzi Arap

Amo esse poema cantado por Maria Bethânia:


EU VOU LHE CONTAR QUE VOCÊ NÃO ME CONHECE.
Eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve.
A sedução me escraviza a você, ao fim de tudo você permanece comigo, mas preso ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre a verdade inteira um abismo maior nos separa.
Você não tem um nome, eu tenho.
Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções.
Mas a mentira da aparência que eu sou e a mentira da aparência que você é, porque eu não sou meu nome e você não é ninguém.
O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível de aproximação através da aceitação da distância e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia, que nos separa
Eu quero que você me veja a mim.
Eu me dispo da notícia, e a minha nudez parada te denuncia e te espelha.
Eu me delato, tu me relatas.
Eu nos acuso e confesso por nós.
Assim me livro das palavras com as quais você me veste.

Eu sei que eu tenho um jeito
Meio estúpido de ser
E de dizer coisas que podem
Magoar e te ofender
Mas cada um tem o seu jeito
Todo próprio de amar
E de se defender
Você me acusa e só me preocupa
Agrava mais e mais a minha culpa
E eu faço e desfaço, contrafeito
O meu defeito é te amar demais.
Palavras são palavras
E a gente nem percebe
O que disse sem querer
E o que deixou pra depois
Mas o importante é perceber
Que a nossa vida em comum
Depende só e unicamente de nós dois
Eu tento achar um jeito pra explicar
Você bem que podia me aceitar
Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
Mas é assim que eu sei te amar.

Texto:Isolda e Milton Carlos

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