A vida, manso lago azul algumas
vezes, algumas vezes mar fremente,
tem sido para nós constantemente
um lago azul, sem ondas nem espumas.
Bem cedo quando, desfazendo as brumas
matinais, rompe um sol vermelho e quente,
nós dois vogamos indolentemente,
como dois cisnes de alvacentas plumas.
Um dia, um cisne morrerá, por certo...
Quando chegar esse momento incerto,
no lago onde talvez a água se tisne,
que o cisne vivo, cheio de saudade,
nunca mais cante nem sozinho nade,
nem nade nunca ao lado doutro cisne...
Os Cisnes - Júlio Salusse
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