Trechos de Madame Bovary:
"... A cama era uma cama de casal de acaju em forma de barca. As cortinas de levantina vermelha que desciam do teto fechavam-se baixo demais, perto da cabeceira que se alargava; e nada havia no mundo de mais bonito do que sua cabeça morena e sua pele branca destacando-se sobre aquela cor púrpura quando, com um gesto de pudor, ela fechava os dois braços nus, escondendo o rosto nas mãos..."
"... Despia-se brutalmente, arrancando o fino cordão do seu corpete que lhe sibilava ao redor das ancas como o escorregar de uma cobra. Ia na ponta dos pés nus ver ainda uma vez se a porta estava fechada; depois, com um único gesto, deixava cair, juntas, todas as suas roupas; - e, pálida, sem falar, séria, abatia-se contra seu peito, com um longo estremecimento..."
"... E então, olhando para trás, percebeu ainda uma vez o impassível castelo, com o parque, os jardins, os três pátios e todas as janelas da fachada..."
"...A loucura assaltava-a, teve medo e chegou a controlar-se, mas confusamente, é verdade; pois não lembrava a causa de seu horrível estado, isto é, a questão do dinheiro. Sofria somente em seu amor e sentia sua alma abandoná-la com aquela lembrança, como os feridos, ao agonizar, sentem a existência esvair-se por sua chaga que sangra.
A noite caía, algumas gralhas voavam..."
Gustave Flaubert, Em: Madame Bovary.
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4 comentários:
Um belo texto, sem dúvida!
Não apareci mais cedo porque estive doente.
Beijo~
Isabel
bc-outrossorriso.blogspot.com
Lindo texto..profundo e tocante para mim..
Beijos
mari, imagino, sempre, você escolhendo um texto para dividir seu prazer conosco.
obrigado.
você me fez lembrar que há poesia em toda literatura...
bjs
olá...gostaria que me informasse em que parte do livro posso encontrar estre trecho
bjus obg
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