"Não aprofundes o teu tédio.
Não te entregues à mágoa vã.
O próprio tempo é o bom remédio:
Bebe a delícia da manhã.
A névoa errante se enovela
Na folha gem das araucárias.
Há um suave encanto nela
Que enleia as almas solitárias...
As cousas tem aspectos mansos.
Um após outro, a bambolear,
Passam, caminho d'água, os gansos.
Vão atentos, como a cismar.
No verde, à beira das estradas,
Maliciosas em tentação,
Riem amoras orvalhadas.
Colhe-as: basta estender a mão.
Ah! fosse tudo assim na vida!
Sus, não cedas à vâ fraqueza.
Que adianta a queixa repetida?
Goza o painel da natureza.
Cria e terás com que exaltar-te
No mais nobre e maior prazer.
A afeiçoar teu sonho de arte,
Sentir-te-ás convalescer.
A arte é uma fada que transmuta
E transfigura o mau destino.
Prova. Olha. Toca. Cheira. Escuta.
Cada sentido é um dom divino."
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Belíssimo este poema de Manuel Bandeira, uma lição para a vida.
beijo, ótima semana
Postar um comentário